quarta-feira, 31 de março de 2010

Café

Até os meus 49 anos praticamente não tinha tomado café. Nunca tive a mania ou hábito do cafezinho ou tomar café puro pela manhã, no máximo uns 10 cafezinhos na minha vida toda e pela manha alguns cafés-com-leite, mais leite do que o pretinho. De uns tempos para cá comecei a pensar e cheirar o pó de cafe e outras coisas boas no quesito cheiro, gostar de esssencias e dos cheiros de temperos de comida, etc, mas continuava não tomando café e não tendo a menor curiosidade no seu preparo correto. Há 2 anos comecei tomando um forte e sem açucar no Mercado Municipal aqui em Curitiba e há uns 3 meses comprei um pacote de 500g de um extra-forte comercial - tomo 2 ou 3 vezes por semana e hoje comprei um coador de pano. Vou estreiar e dando uma olhadinha na WEB achei um texto legal, vejam lá:
O velho coador de pano que nossas avós usavam muito antes de surgir o filtro de papel também faz deliciosos cafés. E o café assim filtrado possui muitas receitas, algumas regionais são bem interessantes e saborosas, mas vamos falar do cafezinho tradicional.

Um cuidado inicial: todo coador de pano novo deve ser fervido antes de ser usado porque normalmente o tecido vem com uma goma que além de alterar o sabor do café pode ser prejudicial. Outro cuidado básico é com o coador depois de usado. Ele jamais deve ser lavado com detergente ou alvejante, pois qualquer excesso fica em suas tramas e depois se dissolvem no café que será bebido. Já imaginou que sabor horrível? Então coador de pano lavar só com água em abundância.
Cuidados tomados agora é preparar. Um dos métodos antigos usa dissolver o pó do café no bule um pouco antes da água ferver. Água fervente não combina com café. São 5 a 6 colheres de sopa para um litro da bebida. Depois que se coloca o pó na água quente, mexe-se com uma colher de pau até fazer um creme na superfície. Essa colher de pau só deve ser usada para fazer café, é claro. Depois é passar pelo coador, e pronto. O outro método é o padrão. Coloca-se o pó direto no coador umedecendo todo o pó e depois vertendo a água em fio até terminar.
Uma dica: se quiser manter o café quente na xícara por mais tempo, escalde-as antes com água fervente. A xícara pode.
Esse café tem gostinho de interior. Hummmmmm!!!!!
fonte: http://www.viladoartesao.com.br/blog/2008/07/cafe-no-coador-de-pano/
foto: do blog do texto.

sábado, 27 de março de 2010

Cozinha, cozinhar, deleites - jantar, apenas detalhe


Não resisti ao texto e estou copiando inteiro - creio que vão pedir para excluir mesmo citada a fonte, mas bateu muita coisa que gosto e penso. Uma chinelada nos arquitetos de concreto. Melhor ler, depois vemos no que dá. Adorei!
Rubem Alves
Qual é o lugar mais importante da sua casa? Eu acho que essa é uma boa pergunta para início de uma sessão de psicanálise. Porque quando a gente revela qual é o lugar mais importante da casa, a gente revela também o lugar preferido da alma. Nas Minas Gerais onde nasci o lugar mais importante era a cozinha. Não era o mais chique e nem o mais arrumado. Lugar chique e arrumado era a sala de visitas, com bibelôs, retratos ovais nas paredes, espelhos e tapetes no chão. Na sala de visitas as crianças se comportavam bem, era só sorrisos e todos usavam máscaras. Na cozinha era diferente: a gente era a gente mesmo, fogo, fome e alegria.

"Seria tão bom, como já foi...", diz a Adélia. A alma mineira vive de saudade. Tenho saudade do que já foi, as velhas cozinhas de Minas, com seus fogões de lenha, cascas de laranja secas, penduradas, para acender o fogo, bule de café sobre a chapa, lenha crepitando no fogo, o cheiro bom da fumaça, rostos vermelhos. Minha alma tem saudades dessas cozinhas antigas...
Fogo de fogão de lenha é diferente de todos os demais fogos. Veja o fogo de uma vela acesa sobre uma mesa. É fogo fácil. Basta encostar um fósforo aceso no pavio da vela para que ela se acenda. Não é preciso nem arte nem ciência. Até uma criança sabe. Só precisa um cuidado: deixar fechadas as janelas para que um vento súbito não apague a chama. O fogo do fogão é outra coisa. Bachelard notou a diferença: "A vela queima só. Não precisa de auxílio.
A chama solitária tem uma personalidade onírica diferente da do fogo na lareira. O homem, diante de um fogo prolixo pode ajudar a lenha a queimar, coloca uma acha suplementar no tempo devido. O homem que sabe se aquecer mantém uma atitude de Prometeu. Daí seu orgulho de atiçador perfeito..." Fogo de lareira é igual ao fogo do fogão de lenha. Antigamente não havia lareiras em nossas casas. O que havia era o fogo do fogão de lenha que era, a um tempo, fogo de lareira e fogo de cozinhar.
As pessoas da cidade, que só conhecem a chama dos fogões a gás, ignoram a arte que está por detrás de um fogão de lenha aceso. Se os paus grossos, os paus finos e os gravetos não forem colocados de forma certa, o fogo não pega. Isso exige ciência. E depois de aceso o fogo é preciso estar atento. É preciso colocar a acha suplementar, do tamanho certo, no lugar certo. Quem acende o fogo do fogão de lenha tem de ser também um atiçador.
O fogão de lenha nos faz voltar "às residências de outrora, as residências abandonadas mas que são, em nossos devaneios, fielmente habitadas" (Bachelard). Exupèry, no tempo em que os pilotos só podiam se orientar pelos fogos dos céus e os fogos da terra, conta de sua emoção solitária no céu escuro, ao vislumbrar, no meio da escuridão da terra, pequenas luzes: em algum lugar o fogo estava aceso e pessoas se aqueciam ao seu redor.
Já se disse que o homem surgiu quando a primeira canção foi cantada. Mas eu imagino que a primeira canção foi cantada ao redor do fogo, todos juntos se aquecendo do frio e se protegendo contra as feras. Antes da canção, o fogo. Um fogo aceso é um sacramento de comunhão solitária. Solitária porque a chama que crepita no fogão desperta sonhos que são só nossos. Mas os sonhos solitários se tornam comunhão quando se aquece e come.
Nas casas de Minas a cozinha ficava no fim da casa. Ficava no fim não por ser menos importante mas para ser protegida da presença de intrusos. Cozinha era intimidade. E também para ficar mais próxima do outro lugar de sonhos, a horta-jardim. Pois os jardins ficavam atrás. Lá estavam os manacás, o jasmim do imperador, as jabuticabeiras, laranjeiras e hortaliças. Era fácil sair da cozinha para colher xuxús, quiabo, abobrinhas, salsa, cebolinha, tomatinhos vermelhos, hortelã e, nas noites frias, folhas de laranjeira para fazer chá.
Ah! Como a arquitetura seria diferente se os arquitetos conhecessem também os mistérios da alma! Se Niemeyer tivesse feito terapia, Brasília seria outra. Brasília é arquitetura de arquitetos sem alma. Se eu fosse arquiteto minhas casas seriam planejadas em torno da cozinha. Das coisas boas que encontrei nos Estados Unidos nos tempos em que lá vivi estava o jeito de fazer as casas: a sala de estar, a sala de jantar, os livros, a escrivaninha, o aparelho de som, o jardim, todos integrados num enorme espaço integrado na cozinha. Todos podiam participar do ritual de cozinhar, enquanto ouviam música e conversavam. O ato de cozinhar, assim, era parte da convivência de família e amigos, e não apenas o ato de comer. Eu acho que nosso costume de fazer cozinhas isoladas do resto da casa é uma reminiscência dos tempos em que elas eram lugar de cozinheiras negras escravas, enquanto as sinhás e sinhazinhas se dedicavam, em lugares mais limpos, a atividades próprias de dondocas como o ponto de cruz, o frivolité, o crivo, a pintura e a música. Se alguém me dissesse, arquiteto, que o seu desejo era uma cozinha funcional e prática, eu imediatamente compreenderia que nossos sonhos não combinavam, delicadamente me despediria e lhes passaria o cartão de visitas de um arquiteto sem memórias de cozinhas de Minas.
As cozinhas de fogão de lenha não resistiram ao fascínio do progresso. As donas de casa, em Minas, por medo de serem consideradas pobres, dotaram suas casas de modernas cozinhas funcionais, onde o limpíssimo e apagado fogão à gás tomou o lugar do velho fogão de lenha. As cozinhas, agora, são extensões da sala de visitas. Mas isto é só para enganar. A alma delas continua a morar nas cozinhas velhas, agora transferidas para o quintal, onde a vida é como sempre foi. Lá é tão bom, porque é como já foi.
Eu gostaria de ser muitas coisas que não tive tempo e competência para ser. A vida é curta e as artes são muitas. Gostaria de ser pianista, jardineiro, artista de ferro e vidro - talvez monge. E gostaria de ter sido um cozinheiro. Babette. Tita. Meu pai adorava cozinhar. Eu me lembro dele preparando os peixes, cuidadosamente puxando a linha que percorre o corpo dos papa-terras, curimbas, para que não ficassem com gosto de terra. E me lembro do seu rosto iluminado ao trazer para a mesa o peixe assado no forno.
Faz tempo, num espaço meu, eu gostava de reunir casais amigos uma vez por mês para cozinhar. Não os convidava para jantar. Convidava para cozinhar. A festa começava cedo, lá pelas seis da tarde. E todos se punham a trabalhar, descascando cebola, cortando tomates, preparando as carnes. Dizia Guimarães Rosa: "a coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia." Comer é a chegada. Passa rápido. Mas a travessia é longa. Era na travessia que estava o nosso maior prazer. A gente ia cozinhando, bebericando, beliscando petiscos, rindo, conversando. Ao final, lá pelas onze, a gente comia. Naqueles tempos o que já tinha sido voltava a ser. A gente era feliz.
Sinto-me feliz cozinhando. Não sou cozinheiro. Preparo pratos simples. Gosto de inventar. O que mais gosto de fazer são as sopas. Vaca atolada, sopa de fubá, sopa de abóbora com maracujá, sopa de beringela, sopa da mandioquinha com manga, sopa de coentro... Você já ouviu falar em sopa de coentro? É sopa de portugueses pobres, deliciosa, com muito azeite e pão torrado. A sopa desce quente e, chegando no estômago, confirma...A culinária leva a gente bem próximo das feiticeiras. Como a Babette (A festa de Babette) e a Tita (Como água para chocolate)... (Correio Popular, Caderno C, 19/03/2000.)

http://www.rubemalves.com.br/cozinha.htm 

Mesa - a mesa!


Segue o texto do blog:
"Quando vi esta foto na revista Garden Design fiquei impressionada pela reunião de elementos. Tem de tudo, mas principalmente uma reunião de espécies impecável, de fazer inveja a muito arranjo de mesa. Reparem que as plantas foram centralizadas, sem atrapalhar os lugares marcados pelos pratos e taças. O mais improvável – mas incrivelmente lindo – é a cascata que passa pelo centro da mesa e deságua em uma das laterais. O que acham?"


fonte: Blog Cheiro de Mato - Revista Casa e Jardim

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mel

Mesma revista da postagem anterior.
Doce família
Cardápio variado

A nutricionista Heloisa Padilha defende o uso do mel: “Ele é fonte de açúcar mais saudável. Tem ação imunológica, bactericida e anti-inflamatória. Ajuda a combater a tosse, a dor de garganta e a gripe”. O fã-clube levanta ainda a qualidade de ser um produto absolutamente natural e rico em vitaminas A, C e do complexo B.
Porém, não parta para a compra sem se preparar – como existem mais de 2 500 tipos de florações, a composição nutricional das diferentes versões de mel pode variar muito. Tipo de solo, clima, espécie de abelha também influem no produto final. “O que se sabe com certeza é que o mel escuro tem sabor mais acentuado e contém uma quantidade bem maior de sais minerais do que os claros”, ensina Neusa Vicente, do Apiário Florin, do Espírito Santo. Nessa troca, há uma desvantagem: como mascavo e mel apresentam poder adoçante menor do que os açúcares, corre-se o risco de usá-los em maior quantidade. A solução é educar seu paladar.

Outro critério pode ainda influenciar sua escolha. É o cultivo pelos métodos orgânicos, sem defensivos agrícolas e fertilizantes sintéticos, respeitando cuidados relativos à preservação do solo. O processo de produção não muda muito, mas dispensa a adição de substâncias químicas. “Por isso é mais fácil encontrar açúcar orgânico dos tipos mascavo, demerara e cristal, que não passam por processos complexos de refinamento”, ensina Fernando Alonso, gerente de produtos da fabricante Native.

Segundo a nutricionista Silvia Barreto, o mais importante é tentar manter o consumo dentro da dose recomendada pela Organização Mundial da Saúde. “Aliás, quem tem uma dieta balanceada não precisa sequer adicionar açúcar aos alimentos porque o organismo produz energia a partir de outros carboidratos.”

Seja qual for a sua escolha, vale um alerta: quando movido pela ansiedade, o apetite pelo doce costuma passar longe da dose recomendada e isso vale para qualquer um dos açúcares, já que o conteúdo calórico é semelhante. “O ideal seria se contentar com 30 g de chocolate ou um picolé”, aconselha Heloisa Padilha. Consumindo com moderação, o doce pode comparecer ao cardápio. E, de vez em quando, vale até permitir-se um extra. “Mas, quando o exagero é constante e vem acompanhado de outros fatores, como dieta desequilibrada e sedentarismo, o excesso pode levar ao sobrepeso, ao aumento de triglicérides e até a diabetes.” É aí que o doce pode amargar sua vida.